Foi em uma reunião presencial da Comissão da OAB/SP que presenciei uma situação complicada: obesos e assentos.
Eu era a Secretária e meu amigo o presidente da Comissão. Era nossa primeira reunião e queríamos que tudo desse certo.
Alguns advogados já renomados toparam fazer parte do grupo a convite do meu amigo.
Esse pessoal estava vindo de longe, pegando um baita trânsito típico de “horário de pico” em SP só pra estar lá.
Todos chegaram. As cadeiras estavam organizadas em círculo. Íamos fazer as apresentações e conhecer cada um.
De repente uma “correria”. Sobe, desce, desce e sobe a escada. Um cochicho aqui, um sussurro ali.
Eu, que já estava ansiosa e preocupada, fui procurar saber por que não tínhamos começado a reunião ainda.
“O Flávio não cabe na cadeira”.
Olhei pro Flávio. Era um rapaz super simpático, com um sorriso agradável, muito bem vestido e mais de 100kg.
Na hora eu fiquei bem chateada. Com a cadeira.
Por que a cadeira era tão hostil a ponto de não suportar Flávio?
Depois de um vai e vem, trouxeram uma cadeira diferente pro Flávio se sentar e começamos a reunião.
Esse texto é sobre cadeiras. Quer dizer, sobre obesos e assentos.
A Organização Mundial de Saúde estima que, em 2025, teremos 2,3 bilhões de adultos acima do peso no mundo. Destes, 700 milhões com obesidade.
Já imaginou quantas cadeiras “diferentes” essas pessoas precisarão pra se sentar?
Meu irmão não é obeso. Ele tem mais de 1,80m e uns 95-100kg.
Compramos uma cadeira “gamer” de presente pra ele trabalhar em home office.
Como eu a escolhi?
Procurei uma que suportasse até 250kg.
E o que é pior? Eu encontrei.
(Caso você esteja duvidando, é essa aqui: https://www.tudogamer.com.br/cadeira-gamer-dazz-prime-x-black-white-62000011 )
Agora: por que alguém precisaria fabricar uma cadeira que suporte até 250kg?
Em São Paulo/SP, por exemplo, em algumas estações de metrô há bancos para as pessoas aguardarem sentadas.
Foi necessário disponibilizar nesses locais bancos “especiais” para obesos:
Nos ônibus das frotas mais novas também:
Isso é necessário, claro. Não devemos submeter pessoas obesas ao constrangimento de “não caber” em bancos e cadeiras.
Aliás, felizmente, é comum ver “assentos preferenciais” para obesos em cinemas, platéias de shows etc.
Se a estimativa da OMS se cumprir, como faremos para acomodar com dignidade 700 milhões de pessoas obesas no mundo?